Nos meus estudos sobre o século 20, eu costumo me referir ao período de 1979-1983 como uma época bem depressiva, onde a parte mais sombria é mais ou menos 1979-1981, e 1982-1983 são os anos onde a coisa tenta começar a dar a volta por cima.
"Einzelhaft" é um álbum que foi totalmente produzido nesse período, e que sinceramente parece e não parece, porque é animado demais pra uma época que eu amo mas me dá arrepios só de pensar, mas ao mesmo tempo tem um som que define bem essa fase.
Sabe aqueles álbuns onde todas as músicas parecem ter o mesmo estilo, mas nenhuma é idêntica a outra e o álbum continua incrível mesmo assim? Esse é um perfeito exemplo desse conceito.
Eu ouvi esse álbum tantas vezes e tantas vezes seguidas que fiquei com receio de enjoar dele. Por causa disso, mesmo sem saber como ou o que falar, decidi fazer uma resenha mesmo assim pra tentar entender o que me faz gostar tanto dele. Estranhamente, um álbum que por anos me fez adiar uma resenha por me fazer pensar "o que posso dizer sobre ele?" é justamente um dos raros casos que me fez comentar cada faixa.
"Zuviel Hitze" é uma música que apesar de incrível, eu não sei se enxergaria como uma abertura, mas mesmo assim acabou sendo uma excelente escolha porque já começa o clima que vai durar até a última faixa.
O álbum é definitivamente mais conhecido pela segunda faixa, "Rap do Trag-" digo, pela música "Der Kommissar". Não vou negar, essa música é um clássico dos anos 1980 com muita razão, mas apesar de ser uma das melhores do álbum, é bem fácil de se perceber porque justo essa é a mais famosa... Não é algo ruim, de certa forma, apenas óbvio, ainda mais com parte da música tendo sido inspirada por "Super Freak" de Rick James.
"Siebzehn Jahr" é de certa forma uma balada relaxante, uma das melhores faixas. A parte instrumental é simplesmente maravilhosa.
Mas o que era uma música acalmante é seguida por uma alucinante já na introdução, "Auf der Flucht". Acho ela meio refinada pra ser um single, mesmo tendo um som bem clássico da época. Eu adoro a bridge que tem no meio.
"Ganz Wien" volta ao estilo mais lento, ficando agitada só no final. Gosto de músicas assim, uma faixa boa e sombria.
"Maschine Brennt" é a faixa mais animada e uma das melhores do álbum e da época, na minha opinião. Ela não é sofisticada como outras do álbum, mas nesse caso isso é a sua qualidade.
"Hinter uns die Sintflut" apesar de não ser frenética também é mais no estilo animado. Tem um estilo tropical que gruda fácil na cabeça.
"Nie mehr Schule" é outra animada mas que ainda assim mostra bem o estilo geral do álbum e da época, também fazendo um bom uso da música "Speed of Life" de David Bowie.
Falando em Bowie, "Helden von Heute" é outra música inspirada pela "Trilogia de Berlim", sendo facilmente outra que eu considero não só entre as melhores do álbum, mas da década. É fácil entender porque o próprio Falco preferia ela como A-side. Uma música animada mas épica que vai contra a tradição de encerrar álbuns com baladas...
... Mas nós temos mais uma faixa, a faixa-título, que além de ir contra a tradição de ter a faixa-título no final, "Einzelhaft" é subversiva e também é o último tipo de música que você imaginaria como uma faixa de encerramento. O que temos é uma mistura de "Der Kommissar" com "Auf der Flucht", resultando em um número caótico que encerra um álbum tão caótico quanto.
Melhores faixas: Zuviel Hitze, Der Kommissar, Siebzehn Jahr, Maschine Brennt, Helden von Heute, Einzelhaft
Menções honrosas: Todas as outras